Produtor e realizador norte-americano, Timothy William Burton nasceu a
25 de Agosto de 1958, na pequena cidade norte-americana de Burbank, no
estado da Califórnia. Desde cedo revelou uma aptidão natural para o
desenho, chegando a frequentar o curso de Belas-Artes. Depois de
ganhar, em 1979, uma bolsa de estudo dos Estúdios Disney,
é convidado a trabalhar no seu departamento de animação, numa altura em
que os estúdios viviam uma crise de originalidade e não conseguiam que
os seus filmes de animação obtivessem bons resultados em termos
comerciais. Começa então por colaborar na execução do filme The Fox and the Hound (As Aventuras de Papuça e Dentuça, 1981). O seu talento levou os patrões da Disney a autorizar que Burton colocasse em prática os seus projectos pessoais. Assim, em 1982 realiza Vincent,
um pequeno filme de animação com seis minutos de duração, totalmente a
preto e branco e dedicado ao seu grande ídolo de infância: o actor
Vincent Price, especializado em filmes de terror. A Disney não gostou da atmosfera gótica da obra e mais insatisfeita ficou com o filme seguinte de Burton: Frankenweenie (1984), uma adaptação livre animada do romance Frankenstein de Mary Shelley. A Disney
considerou a história do jovem que ressuscita o seu fiel cão totalmente
desadequada para o público infantil e retirou a Burton o controlo
criativo das suas obras. Burton viu-se obrigado a deixar a Disney, não sem antes colaborar na elaboração do filme The Black Cauldron (O Caldeirão Mágico, 1985) que se viria a revelar um flop
comercial. Contudo, o actor Paul Reubens percebeu as potencialidades de
Burton e convidou-o para realizar aquele que seria o filme de estreia
de uma das personagens mais célebres entre o público infantil
americano: Pee-Wee Herman, interpretado pelo próprio Reubens. O filme Pee Wee's Big Adventure (1985)
tornou-se um caso de popularidade e permitiu a Burton entrar no mundo
de Hollywood com chave de ouro. Com o seu filme seguinte, Burton
conheceu grandes níveis de popularidade: Beetlejuice (Os Fantasmas Divertem-se,
1988), uma insólita comédia juvenil centrada na relação entre um
fantasma irreverente e um jovem casal recém-falecido. A frenética
interpretação de Michael Keaton como protagonista, bem secundado por
Alec Baldwin, Geena Davis e Winona Ryder traduziu-se num bom resultado
de bilheteira, a ponto de ter sido criada uma série de animação baseada
no herói do filme. Os estúdios da Warner resolveram apostar no jovem
realizador para dirigir a adaptação cinematográfica do herói de banda
desenhada criado por Bob Kane: Batman (Batman, 1989). Burton fez
finca-pé junto dos produtores que não desejavam o praticamente
desconhecido Michael Keaton para desempenhar o papel do milionário
Bruce Wayne. O filme foi um estrondoso sucesso comercial, muito devido
à atmosfera gótica de Gotham City e a visão de um herói demasiado
humanizado que Burton conferiu a Batman. Aliado a tudo isso, a
inesquecível interpretação do vilão Joker feita por Jack Nicholson e a
sóbria banda sonora pop da autoria de Prince. Subsequentemente, Burton decidiu apostar num projecto mais pessoal: Edward Scissorhands (Eduardo Mãos-de-Tesoura,
1990), uma fantástica fábula sobre um rapaz artificial (Johnny Depp)
que vê o seu criador (Vincent Price, num dos seus derradeiros papéis)
morrer, deixando assim a sua tarefa inacabada. O rapaz é adoptado por
uma vendedora de cosméticos (Dianne Wiest) que o leva para a sua casa
numa pequena cidade dos subúrbios e onde se apaixona pela filha (Winona
Ryder) da sua protectora. O filme não foi tão bem sucedido em termos
comerciais como o anterior, mas o exotismo da personagem principal e a
insólita história de amor que se fazia viver na vida real entre Depp e
Ryder levou a que o filme granjeasse rapidamente a aura de título de
culto. Muito relutante, Burton aceitou dirigir uma sequela de Batman, Batman Returns
(1992), onde o homem-morcego desta vez mediu esforços contra os vilões
Penguim (Danny deVito), Catwoman (Michelle Pfeiffer) e Max Schreck
(Christopher Walken). O filme desenvolveu uma visão demasiado sombria e
gótica do herói, em frequente luta interior, o que provocou um certo
desagrado dos produtores. Porém, o filme foi uma vez mais bem sucedido
no box-office mundial. Seguidamente, dedica-se a projectos de índole mais pessoal: produz The Nightmare Before Christmas (O Estranho Mundo de Jack, 1993), um filme de animação que viria a tornar-se uma obra de culto, e no ano seguinte realiza Ed Wood,
uma biografia daquele que foi considerado o pior realizador de sempre:
Edward D. Wood Jr. e a sua relação de amizade com o actor Bela Lugosi.
O filme protagonizado por Johnny Depp, Martin Landau (Óscar para o
Melhor Actor Secundário) e Bill Murray foi bem acolhido pelos críticos
mas mal recebido pelo público. O filme seguinte de Burton também foi um
fracasso de bilheteira: Mars Attacks (Marte Ataca!,
1995). Apesar de rodeado de nomes de peso como Jack Nicholson, Glenn
Close, Danny deVito, Annette Bening e Tom Jones, o ambiente demasiado pastiche
do argumento e a própria temática de um ataque extraterrestre não
granjeou simpatias entre o público. Apesar dos fracassos, Burton não se
deixou desmoralizar. Rodou Sleepy Hollow (A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça,
1999), um policial com acção situada no século XVIII que contou com as
participações de Johnny Depp, Christina Ricci, Christopher Walken e
Christopher Lee. 2001 marcou o regresso em grande de Burton com uma
superprodução de peso: Planet of the Apes (O Planeta dos Macacos, 2001), um remake
do filme homónimo rodado em 1968. Nesta nova versão protagonizada por
Mark Wahlberg, Helena Bonham-Carter, Tim Roth e Kris Kristofferson,
Burton marcou um feliz regresso à ficção científica. Em 2003, realizou Big Fish (O Grande Peixe)
que, por alguns considerado como uma obra surrealista, nos traz de novo
a inconfundível e inimitável imaginação de Tim Burton. O argumento
deste filme centra-se numa intrincada relação entre um pai e um filho,
na qual se vivem desencontros, descobertas e reconciliações.
Participam
neste filme Ewan McGregor, Albert Finney, Jessica Lange e Helena Bonham
Carter, entre outros actores. Charlie and the Chocolate Factory (Charlie e a Fábrica de Chocolate),
com Johnny Depp e Freddie Highmore nos papéis principais, viria a ser
lançado em 2005 e, no Natal desse ano, Tim Burton voltaria aos grandes
erãs com um novo filme de animação, Corpse Bride (A Noiva Cadáver), numa co-realização com Mike Johnson.
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